São Francisco e as crianças: 3 virtudes para ensinar e praticar

Se para os adultos a vida de São Francisco de Assis é um tesouro quase inesgotável de ensinamentos e experiência de fé, para as crianças este santo pode ser canal de profundas experiências com o Senhor. Há, no entanto, entre São Francisco de Assis e as crianças, uma vida de virtudes que serve como uma verdadeira bússola para pais, mães e educadores que desejam colaborar com a ação de Deus na educação dos pequenos. Suas virtudes, sua vida, seus ensinamentos, seu amor a Deus.

Sabendo da importância do cultivo das virtudes na educação infantil, podemos colher da vida de São Francisco algumas que não só podem como devem ser ensinadas. Confira!

Paciência

São Francisco precisou se desenvolver nessa virtude: para viver os sofrimentos que passou de forma passiva, mas também por toda a condição que ele, voluntariamente – inspirado pela graça de Deus, obviamente – escolheu.

Foi paciente consigo, diante do caminho de autoconhecimento, mas também com os outros, pois sabia que Deus o amava e era paciente com Ele. Então, era necessário seguir o caminho do Mestre.

Com as crianças, é imprescindível não apenas – a exemplo do santo – ser paciente, mas ensiná-las a viver essa virtude. Seja na contemplação da vida de São Francisco, nos mistérios da vida Jesus ou, partindo para uma questão mais prática, nas atividades do dia a dia. 

Dicas práticas: 

As crianças começam a descobrir essa virtude no simples fato de acompanharem, por exemplo, a preparação de um bolo. É possível e preciso situá-las quanto à escolha dos ingredientes, da mistura, do processo de assar, esfriar e, finalmente, servir. Numa árvore que é plantada, é preciso esperar que dê seus primeiros brotos até tornar-se um arbusto e, finalmente, uma árvore. 

A partir de exemplos da vida prática, pode-se fazer as conexões com a vida daqueles que amaram a Jesus até as últimas consequências, esperando por algo que acreditavam que valia mais do que qualquer coisa nesta terra: o céu.

A virtude da paciência é firmada na virtude teologal da esperança. Espera-se e empreende-se esforço e trabalho em alguma coisa, ou submete-se à espera, em vista de algo maior. São Francisco viveu isso de forma muito plena. Obedeceu e seguiu a Jesus.

Simplicidade e humildade

“Bem-aventurados os pobres, porque verão a Deus”(Mt 5, 3)

Quando se pensa no legado deixado por este grande santo, é quase impossível não associar sua vida à pobreza evangélica, à virtude da simplicidade, à humildade. Mas nem sempre foi assim. Para quem conhece um pouco sobre a vida de São Francisco, sabe que ele nasceu numa família rica de bens materiais e que se regalou na juventude em função de sua posição e o que tinha ao seu dispor.

Mas o chamado de Deus foi maior: Francisco tinha uma mãe piedosa e orante, que certamente o ensinou sobre as coisas que não passam, sobre o que é eterno, o que vem de Deus. Ele tentou seguir o exemplo do pai, buscou honrarias militares, mas nada saciou seu coração inquieto. 

Foi num processo de despojamento interior e exterior que ele viveu os grande marcos de sua santa biografia. O Senhor o chamou a deixar tudo, corresponder de forma literal ao chamado evangélico: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, irá recobrá-la.” (Mt 16, 24s).

No livro “As pequenas virtudes do lar”, de Georges Chevrot, o autor compara essa virtude  associando a vida da própria Virgem Maria – a quem São Francisco nutria especial devoção – ao ofício de um professor. Depois de escrever muitas coisas úteis e importantes num quadro, pega o apagador e não deixa rastro algum do que foi feito.

A humildade de São Francisco, embora relatada em escritos e biografias, foi muito maior e mais profunda do que as letras puderam captar, pois certamente ele mesmo fez questão de não deixar rastros de muitos detalhes íntimos de seus sacrifícios e ofertas ao Senhor.

Dicas práticas:

À semelhança de São Francisco, estimule as crianças a partilharem com seus amigos e com os pobres o alimento, os brinquedos, uma palavra de acolhimento. 

Em casa, estimule a atenção aos demais membros da família. Por exemplo, se a mãe está cansada de um dia cheio, proponha que a criança faça alguma atividade que a alivie. Ou se há algum membro que necessite de mais cuidado, como um doente, um idoso ou um bebê pequeno, estimule que a criança faça um pequeno gesto de ternura a cada dia. Levando-a, assim, a pensar mais no próximo do que em si mesma.

Promova momentos especiais de despojamento: brinquedos, roupas etc. E permita que as crianças participem ativamente dessa experiência. Importante: não prometa coisas novas para substituir ou recompensas, mas fale da importância de partilhar com quem não tem, de fazer a alegria de pessoas que, muitas vezes, nem se conhece.

Benevolência

Virtude que faz falta em nossos dias! Pensar o bem, desarmar-se perante o outro, acreditar que houve alguma boa intenção diante de alguém que erra conosco. Mas, mais do que qualquer sentimento humano de bondade e empatia, querer o céu do irmão. E nisso São Francisco foi mestre. Como aquele que ensinou, fez discípulos para Jesus e não se cansou das pessoas e nem de seus limites. 

São Francisco, assim como Jesus, “passou fazendo o bem” (Cf. At 10, 38). Sentou-se com os pecadores, não teve medo do sofrimento humano e desejou, mais do que tudo, a salvação da humanidade. Tinha plena consciência de seus pecados, mas confiava na misericórdia de Deus.

Quando pensamos em transmitir tal virtude às crianças, precisamos ter em mente que a benevolência está ligada à virtude teologal da caridade. Envolve aspectos da virtude da humildade, mencionada acima, mas está ligada a não apenas pensar o bem do outro, mas querer e atuar em vista do bem do outro.  

Dicas práticas:

Nos momentos de oração com as crianças, lembrar das pessoas que se conhece, mas também colocar pessoas que não fazem parte da vida delas. Pode-se fazer esse exercício nomeando grupos: pelos doentes que estão nos hospitais, pelas crianças que hoje não tiveram a chance de jantar, pelos desempregados, pelas pessoas que perderam entes queridos etc. 

Você pode, por meio das virtudes, auxiliar as crianças a crescer nelas. Baixe agora o desafio das virtudes!