Se para os adultos a vida de São Francisco de Assis é um tesouro quase inesgotável de ensinamentos e experiência de fé, para as crianças este santo pode ser canal de profundas experiências com o Senhor. Há, no entanto, entre São Francisco de Assis e as crianças, uma vida de virtudes que serve como uma verdadeira bússola para pais, mães e educadores que desejam colaborar com a ação de Deus na educação dos pequenos. Suas virtudes, sua vida, seus ensinamentos, seu amor a Deus.
Sabendo da importância do cultivo das virtudes na educação infantil, podemos colher da vida de São Francisco algumas que não só podem como devem ser ensinadas. Confira!
- Paciência
São Francisco precisou se desenvolver nessa virtude: para viver os sofrimentos que passou de forma passiva, mas também por toda a condição que ele, voluntariamente – inspirado pela graça de Deus, obviamente – escolheu.
Foi paciente consigo, diante do caminho de autoconhecimento, mas também com os outros, pois sabia que Deus o amava e era paciente com Ele. Então, era necessário seguir o caminho do Mestre.
Com as crianças, é imprescindível não apenas – a exemplo do santo – ser paciente, mas ensiná-las a viver essa virtude. Seja na contemplação da vida de São Francisco, nos mistérios da vida Jesus ou, partindo para uma questão mais prática, nas atividades do dia a dia.
Dicas práticas:
As crianças começam a descobrir essa virtude no simples fato de acompanharem, por exemplo, a preparação de um bolo. É possível e preciso situá-las quanto à escolha dos ingredientes, da mistura, do processo de assar, esfriar e, finalmente, servir. Numa árvore que é plantada, é preciso esperar que dê seus primeiros brotos até tornar-se um arbusto e, finalmente, uma árvore.
A partir de exemplos da vida prática, pode-se fazer as conexões com a vida daqueles que amaram a Jesus até as últimas consequências, esperando por algo que acreditavam que valia mais do que qualquer coisa nesta terra: o céu.
A virtude da paciência é firmada na virtude teologal da esperança. Espera-se e empreende-se esforço e trabalho em alguma coisa, ou submete-se à espera, em vista de algo maior. São Francisco viveu isso de forma muito plena. Obedeceu e seguiu a Jesus.
- Simplicidade e humildade
“Bem-aventurados os pobres, porque verão a Deus”(Mt 5, 3)
Quando se pensa no legado deixado por este grande santo, é quase impossível não associar sua vida à pobreza evangélica, à virtude da simplicidade, à humildade. Mas nem sempre foi assim. Para quem conhece um pouco sobre a vida de São Francisco, sabe que ele nasceu numa família rica de bens materiais e que se regalou na juventude em função de sua posição e o que tinha ao seu dispor.
Mas o chamado de Deus foi maior: Francisco tinha uma mãe piedosa e orante, que certamente o ensinou sobre as coisas que não passam, sobre o que é eterno, o que vem de Deus. Ele tentou seguir o exemplo do pai, buscou honrarias militares, mas nada saciou seu coração inquieto.
Foi num processo de despojamento interior e exterior que ele viveu os grande marcos de sua santa biografia. O Senhor o chamou a deixar tudo, corresponder de forma literal ao chamado evangélico: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, irá recobrá-la.” (Mt 16, 24s).
No livro “As pequenas virtudes do lar”, de Georges Chevrot, o autor compara essa virtude associando a vida da própria Virgem Maria – a quem São Francisco nutria especial devoção – ao ofício de um professor. Depois de escrever muitas coisas úteis e importantes num quadro, pega o apagador e não deixa rastro algum do que foi feito.
A humildade de São Francisco, embora relatada em escritos e biografias, foi muito maior e mais profunda do que as letras puderam captar, pois certamente ele mesmo fez questão de não deixar rastros de muitos detalhes íntimos de seus sacrifícios e ofertas ao Senhor.
Dicas práticas:
À semelhança de São Francisco, estimule as crianças a partilharem com seus amigos e com os pobres o alimento, os brinquedos, uma palavra de acolhimento.
Em casa, estimule a atenção aos demais membros da família. Por exemplo, se a mãe está cansada de um dia cheio, proponha que a criança faça alguma atividade que a alivie. Ou se há algum membro que necessite de mais cuidado, como um doente, um idoso ou um bebê pequeno, estimule que a criança faça um pequeno gesto de ternura a cada dia. Levando-a, assim, a pensar mais no próximo do que em si mesma.
Promova momentos especiais de despojamento: brinquedos, roupas etc. E permita que as crianças participem ativamente dessa experiência. Importante: não prometa coisas novas para substituir ou recompensas, mas fale da importância de partilhar com quem não tem, de fazer a alegria de pessoas que, muitas vezes, nem se conhece.
- Benevolência
Virtude que faz falta em nossos dias! Pensar o bem, desarmar-se perante o outro, acreditar que houve alguma boa intenção diante de alguém que erra conosco. Mas, mais do que qualquer sentimento humano de bondade e empatia, querer o céu do irmão. E nisso São Francisco foi mestre. Como aquele que ensinou, fez discípulos para Jesus e não se cansou das pessoas e nem de seus limites.
São Francisco, assim como Jesus, “passou fazendo o bem” (Cf. At 10, 38). Sentou-se com os pecadores, não teve medo do sofrimento humano e desejou, mais do que tudo, a salvação da humanidade. Tinha plena consciência de seus pecados, mas confiava na misericórdia de Deus.
Quando pensamos em transmitir tal virtude às crianças, precisamos ter em mente que a benevolência está ligada à virtude teologal da caridade. Envolve aspectos da virtude da humildade, mencionada acima, mas está ligada a não apenas pensar o bem do outro, mas querer e atuar em vista do bem do outro.
Dicas práticas:
Nos momentos de oração com as crianças, lembrar das pessoas que se conhece, mas também colocar pessoas que não fazem parte da vida delas. Pode-se fazer esse exercício nomeando grupos: pelos doentes que estão nos hospitais, pelas crianças que hoje não tiveram a chance de jantar, pelos desempregados, pelas pessoas que perderam entes queridos etc.
Você pode, por meio das artes, colorir episódios da vida de São Francisco e que podem auxiliar as crianças no conhecimento da vida deste santo.
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